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17/11/2025
A Evolução Tecnológica na Gestão de Condomínios em Portugal

A Evolução Tecnológica na Gestão de Condomínios em Portugal

Este foi o tema em discussão na II Convenção dos Condomínios que se realizou no passado dia 14, em Leça da Palmeira, com a presença de mais de 180 pessoas ligadas ao setor.

Conselho Diretivo do Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção (IMPIC) esteve representado pelo seu presidente, Dr. Fernando Batista e pela vogal, Drª Sandra Simões, tendo o presidente anunciado que está em fase de preparação o projeto de regulação da atividade profissional de administração de condomínios, defendendo que é de primordial importância que esta atividade seja regulada. Referiu também a importância da qualificação destes profissionais para a sua valorização e a discussão sobre o impacto das novas tecnologias no setor. Salientou ainda o facto desta atividade, que está no fim da fileira da construção e do imobiliário, ser a única que se mantém em toda a vida útil dos edifícios, com um importante papel na sua manutenção e valorização.

Uma dúzia de oradores das mais diversas áreas, como administradores de condomínios, advogados, técnicos de seguros e da banca, empresários da área dos elevadores, entre outros, discutiram o futuro próximo da administração profissional de condomínios face ao impacto que as novas tecnologias, nomeadamente a Inteligência Artificial (IA), poderá ter no seu desempenho.

Este evento, da responsabilidade da Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Administração de Condomínios (APEGAC), foi co-organizado com a empresa IMPROXY, detentora do programa de gestão designado de GECOND, utilizado pela maioria das empresas do setor.

Vitor Amaral, presidente da APEGAC, na sessão de abertura, referiu que “o futuro da gestão de condomínios é inovar, mas com qualidade, ética, responsabilidade, segurança, mas também com olhos postos na sustentabilidade dos edifícios, valorizando o património dos condóminos”. Salientou ainda que a IA irá melhorar a prestação do serviço de administração de condomínios, automatizando processos, de forma a fazer mais e melhor com os mesmos recursos humanos.

A IA não é mais do que o uso de algoritmos e sistemas que permitem automatizar tarefas humanas para uma gestão mais eficiente; porém, os contextos terão de ter a mão humana e quanto mais e melhores forem, mais rápido e correto será o seu desempenho.

Paulo Alexandre, Senior Advisor da Inhouse Digital e fundador da Improxy, no primeiro painel de debate, sobre a IA, disse que o “o futuro será a utilização de um software que faz tudo, centraliza tudo, mas isso não acontecerá já nos tempos mais próximos”, salientando que a sua utilização é de extrema importância na manutenção preditiva. Na sua opinião, os profissionais do setor, face a esta realidade, “ou aderem ou ficam para trás”. 

Um dos segredos deste negócio, de administração de condomínios, é a personalização e a IA não é emocional, não tem sentimentos e, por isso, não substitui o ser humano; O objetivo principal da utilização da IA é a simplificação de processos, sempre com a decisão humana”, acrescentou Paulo Alexandre, pessoa com muito conhecimento sobre a atividade profissional de gestão de condomínios, por ter acompanhado a sua evolução nos últimos 30 anos, especialmente no que respeita à aplicação as tecnologias informáticas.

Miguel Franco, da Shcmitt+Shohn, falando de elevadores e o impacto da IA nesta área, salientou os itens de maior preocupação, que são a segurança, disponibilidade dos equipamentos, resolução dos custos operacionais, validação do património e envelhecimento dos edifícios e, consequentemente, destes equipamentos, dizendo que “os sensores nos elevadores permitem saber a reação dos mesmos e fazer a sua manutenção preditiva, incluindo os elevadores mais antigos”.

Pedro Correia, marketer, fez referência ao facto de, atualmente, a administração de condomínio ter um trabalho quase exclusivamente reativo, quando se exige mais proatividade e trabalho preventivo, o que pode ser potenciado com a IA.

No painel sobre legislação, banca e seguros e a adaptação a um futuro impulsionado pela tecnologia, Maria dos Anjos Guerra, advogada e autora de obras sobre a propriedade horizontal, fez uma abordagem do papel do administrador do condomínio nestas áreas. Por sua vez, o presidente da direção da APEGAC entende que “a relação entre a lei e a IA é um dos desafios não só jurídicos e éticos com que nos confrontamos, sendo importante discutir este assunto sem receio, sem preconceitos”, acrescentando que “a tecnologia muda mais depressa do que a lei, cabendo ao direito aprender e pensar à velocidade da inovação, especialmente no que toca às normas para a IA degenerativa, que produz resultados incorretos ou imprecisos; regular o uso das câmaras inteligentes; garantir que não sejam partilhados dados pessoais sem consentimento…

Por todos os oradores foi demonstrada a necessidade de haver transparência no uso da IA, até porque a responsabilidade é sempre do humano, de quem usa a IA.

José Vale, CEO da Improxy, garantiu às empresas do setor presentes que a “a IA acelera processos, reduz erros e liberta tempo para aquilo que realmente importa: o foco na estratégia, crescimento e aumento da satisfação dos condóminos”, dando alguns exemplos, como o assiste virtual, para fazer e receber telefonemas; as traduções automáticas; geração de conteúdos e orçamentos; criação de ocorrências; reconciliação bancária e geração de checklists. No caso da assistente virtual, permite que os condóminos possam solicitar informações sobre o seu condomínio ou comunicar uma ocorrência a qualquer hora e em qualquer dia. A IA permitirá fazer a análise das despesas do condomínio nos últimos anos e, com base nisso, elaborar o orçamento do ano seguinte com grande rigor, fazendo a explicação, para cada rubrica, do cálculo que é feito. Na criação de ocorrências, a assistente virtual regista e abre de imediato a ocorrência, podendo, no futuro próximo, dar seguimento à mesma. Já quanto à reconciliação bancária, ela é já feita de forma automática, com cruzamento de dados bancários de qualquer banco, com os dados do condomínio, reduzindo falhas operacionais e aumentando a eficiência na gestão do tempo.  Acrescente-se que todas estas e outras tarefas que a IA pode desempenhar, carecerão sempre da validação humana.

A sessão, que durou o dia todo, teve sempre casa cheia, demonstrando os participantes bastante interesse no debate destes temas, que são atuais e estão em discussão em quase todas as áreas profissionais.



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