ECONOMIA PORTUGUESA ARRANCA AGOSTO A ACELERAR

Indicador calculado pelo Banco de Portugal alcançou a 1 de agosto, dia do alívio das medidas restritivas em Portugal, o valor mais expressivo das últimas semanas.

Depois de ter abrandado ao longo do mês de julho, o crescimento da economia portuguesa entrou em agosto a acelerar face ao ano passado. Uma evolução que pode ter sido impulsionada pelo alívio das restrições da pandemia, que entrou em vigor a 1 de agosto. É isso que sinaliza o indicador diário de atividade económica (DEI), publicado pelo Banco de Portugal (BdP), cujos dados foram atualizados esta quinta-feira.

Segundo a nota do BdP, publicada na sua página na internet, na semana terminada a 1 de agosto, o DEI – um indicador compósito que procura traçar, quase em tempo real, um retrato da evolução da atividade económica no país – “aumentou face à semana anterior”. Desta forma, interrompeu a trajetória de abrandamento sentida durante o mês de julho.

A média móvel semanal do DEI, nessa semana – que abrange o período entre 26 de julho e 1 de agosto -, indica um crescimento homólogo da atividade económica em Portugal de 3,8%. Isto quando a mesma média móvel referente à semana terminada a 25 de julho sinalizava um incremento de 3,3% em termos homólogos.

O DEI tinha entrado em julho a crescer a dois dígitos, mas foi perdendo fulgor ao longo do mês. Um abrandamento onde é preciso ter em conta dois fatores. Primeiro, o efeito de base. No segundo trimestre o DEI alcançou valores de crescimento muito expressivos (acima dos 20%), mas comparava com um período homólogo de 2020 marcado por um trambolhão inédito na economia portuguesa.

Aliás, no segundo trimestre deste ano, os dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que a economia portuguesa cresceu 15,5% em termos homólogos, um valor recorde no Portugal democrático.

Já o terceiro trimestre, que se iniciou em julho, compara com um período homólogo de 2020 de recuperação marcada da economia portuguesa.

O segundo fator a ter em conta foi o agravamento da situação pandémica em Portugal, com o aumento da incidência de casos de covid-19, associada à expansão da variante delta no país. E que o Governo a impor várias medidas restritivas que, ao longo de julho, foram sendo aplicadas num número crescente de concelhos do país, penalizando a atividade económica.

Restrições que foram, entretanto, aliviadas pelo Governo devido ao avanço da vacinação no país. Um alívio que foi anunciado no final de julho, entrou em vigor a 1 de agosto, e que passa, nomeadamente, pelo fim das limitações de horário na restauração e nos bares a nível nacional.

Ora, esse alívio das medidas restritivas pode ter ajudado a impulsionar esta nova aceleração da economia portuguesa. É que precisamente no dia 1 de agosto o DEI alcançou o valor diário mais expressivo das últimas semanas, com uma variação homóloga de 8,5%. É o valor mais elevado desde 16 de julho, quando atingiu os 10,8%.

O BdP calcula ainda a taxa bienal do DEI que, na prática, nos indica o crescimento acumulado neste indicador entre 2019 e 2021. Esta taxa, em termos de média móvel semanal, registou uma queda de 3,5% na semana terminada a 1 de agosto, sinalizando que a economia portuguesa operou abaixo do período homólogo de 2019.

Ainda assim, é um valor menos negativo do que na semana anterior – terminada a 25 de julho – quando esta taxa ficou nos -4,9%.

Mais uma vez, a 1 de agosto foi alcançado o melhor registo diário nesta taxa bienal, com um crescimento de 0,3%, sinalizando que nesse dia a atividade económica no país ficou ligeiramente acima do mesmo dia de 2019, ou seja, acima do pré-crise.

Entre meados de junho e 9 de julho, a taxa bienal do DEI, em termos de média semanal, situou-se, em regra, em terreno positivo, indicando que a atividade económica estava ligeiramente acima do patamar pré-crise.

Contudo, desde então, tinha voltado a valores negativos. Até agora. O valor do DEI a 1 de agosto é o primeiro valor diário positivo desde 9 de julho.

O DEI sumaria um conjunto de informação de natureza quantitativa e frequência diária, como o tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, o consumo de eletricidade e de gás natural, a carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e as compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes. Por isso, permite traçar, quase em tempo real, um quadro da evolução da atividade económica no país.

Os dados atualizados são divulgados semanalmente pelo Banco de Portugal, à quinta-feira, com informação até ao domingo precedente. A informação disponibilizada refere-se aos valores diários e à média móvel semanal deste indicador.