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AIRBNB PÕE TRAVÃO EM FESTAS E DÁ APOIO AOS VIZINHOS EM LISBOA E PORTO
Ferramenta para travar reservas de alto risco, bloqueio de alojamentos que possam ser incumpridores e linha de apoio aos vizinhos em português são algumas das medidas que a Airbnb faz chegar a Lisboa e Porto.
Devem ser poucos os habitantes de cidades como Lisboa e Porto que nunca ouviram falar de queixas em relação a imóveis que estão em plataformas de arrendamento de curta duração. A situação mudou com a pandemia, que travou a fundo o turismo nas grandes cidades. Mas, numa altura em que as viagens retomam, a Airbnb decidiu “comprometer-se” com Lisboa e Porto e vai introduzir tecnologias para travar comportamentos menos corretos.
“O que estamos a anunciar é o nosso compromisso para trazer um número de ferramentas muito sofisticadas para Lisboa e Porto. A primeira, chamo-lhe a nossa ferramenta contra festas. E o que faz? Algumas coisas. Estamos comprometidos em retirar locais que foram identificados – ou apontados pelo governo – como uma zona de especial preocupação. Fizemo-lo nos EUA, Canadá, Austrália, Reino Unido e isso retirou muitas centenas de imóveis listados para arrendamento. Trabalhamos por vezes com a polícia ou com os governos, para identificar esses locais e retirá-los da plataforma”, começa por explicar Chris Lehane, vice-presidente sénior de Política Global e Comunicações da Airbnb.
Na prática, a tecnologia de reservas de alto risco – já usada noutros mercados e que chega agora a Portugal – não vai apenas tentar combater festas, mas também outros distúrbios. Com base em dados já acumulados, a plataforma norte-americana de reservas de alojamento de curta duração conseguiu traçar um conjunto de critérios que lhe permite perceber que certas reservas podem ser de risco e bloqueá-las antes de serem finalizadas.
“Desenvolvemos, com base em muitos dados e tecnologia, um sistema em que paramos antecipadamente reservas feitas, por exemplo, por pessoas com determinada idade, que viajam de uma determinada distância de onde são. Por exemplo, uma pessoa com 18 anos, a tentar alugar uma casa grande, a quatro quarteirões de onde vive, para uma sexta-feira à noite, é um exemplo claro” de uma reserva que potencialmente será para uma festa e que, com esta tecnologia é bloqueada antes de finalizada, sustenta o responsável.
O compromisso da Airbnb em “promover um turismo saudável e apoiar as novas tendências de viagem”, nomeadamente nestas duas cidades portuguesas, conta ainda com mais três medidas. Até ao final deste ano, a plataforma vai lançar a “linha de apoio à vizinhança”, em português, o que permite uma via de comunicação direta para, explica, os vizinhos e a comunidade “comunicarem preocupações urgentes sobre alojamentos ou comportamentos de hóspedes na sua comunidade local”.
Além disso, a empresa quer trabalhar com as autoridades para que o país tenha acesso ao “Portal da Cidade”. Este portal funciona como uma espécie de balcão único que dá aos governos acesso a informações e ferramentas de dados que os pode ajudar a desenvolver e gerir políticas para os arrendamentos de curto prazo. Atualmente, mais de cem governos e organizações já têm acesso a este portal.
Por fim, a Airbnb quer trabalhar diretamente com as câmaras municipais de Lisboa e do Porto no sentido de captar mais nómadas digitais ou outras pessoas que pretendem viver durante algumas semanas nas cidades, algo que a plataforma considera como estadas longas, ou seja, 20 dias ou mais.
Estadas de longa duração
A pandemia alterou várias tendências no turismo. Os meios urbanos perderam terreno para o campo, a utilização de meios eletrónicos para a realização de reuniões eliminou a necessidade tantas viagens. E a maioria escolhe agora viajar em família ou com um conjunto nuclear de pessoas. Esta nova realidade pode dar mais oportunidades a Portugal.
“Para a Airbnb a pandemia acelerou tendências que existiam antes”, começa por dizer Chris Lehane. “Há mais pessoas a quererem viver nos locais, não só visitar. Temos algo que são as estadas de longo prazo, que são 20 dias ou mais. Na Airbnb são cerca de 25% de todas as viagens. Em segundo lugar, as viagens também são mais para destinos rurais, ou não urbanos. E estão muito mais orientadas para visitar familiares e amigos e muito menos por negócios. Tudo o que disse está a acontecer também em Portugal”, acrescenta.
O responsável admite que as estadas longas estão já a representar cerca de 14% das reservas em Portugal e, por isso, não tem dúvidas: “é uma grande oportunidade para Portugal”. Apontando que “Portugal é frequentemente visto como um local potencial para as pessoas se relocalizarem”, Chris Lehane indica que além das infraestruturas que são necessárias ao trabalho remoto, “Portugal tem muitos recursos naturais que atraem esse tipo de pessoas”.
“Há agora [cada vez mais] a possibilidade de se trabalhar de onde se quer. Há também os nómadas digitais, pessoas que potencialmente vivem quase em plataformas, como a Airbnb, porque passam três ou quatro meses num sítio e depois noutro e Portugal é um destino natural”, para todas estas pessoas, remata o responsável da plataforma de alojamento.
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