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FUTURO DO SECTOR DO IMOBILIÁRIO PASSA POR UMA APOSTA NA SUSTENTABILIDADE
Agentes do sector do imobiliário consideram que otimização de processos e preocupação com o meio ambiente são tendências que se consolidaram durante a pandemia e vão manter-se no futuro.
O desenvolvimento tecnológico acelerado pela pandemia de Covid-19 permite aos agentes do sector imobiliário olharem para a materialização de tendências de evolução do mercado, em todas as vertentes do negócio, mas com uma área que surge destacada nas referências, a da sustentabilidade, que se impõe de forma transversal, dada a consciência pública relacionada com a situação de “emergência climática” que vivemos.
Gilberto Jordan, CEO do André Jordan Group, defende que depois de ultrapassada a situação de exceção criada pela pandemia as pessoas vão olhar para o mundo de outra forma e as suas prioridades serão mais orientadas para a sustentabilidade e para o cuidado com o meio ambiente, como forma de melhorarem a sua qualidade de vida. “Isso faz com que a tecnologia tenha que ir ao encontro destas necessidades também”, realça.
No estudo“Top 10 Global CRE Trends” da consultora imobiliária JLL, divulgado este ano, em tempo de pandemia, mas olhando para o futuro pós-pandémico, são referidas como tendências a “corrida para as zero emissões líquidas” e o “imobiliário responsável”, descrito como o “compromisso para trazer uma mudança positiva através do imobiliário”. Noutro estudo, da mesma fonte, publicado há um mês, intitulado “Building a New Future with Sustainability [Construindo um Novo Futuro com Sustentabilidade]”, é referido que a sustentabilidade passou a ser o mainstream no mercado imobiliário. Outro trabalho, “Portugal no Radar dos Business Service Centres (BSC): a Atratividade do Mercado Imobiliário”, produzido pela Savills, que também opera como consultora, sublinha esta tendência e estima que este tipo de imóveis, que cumpram padrões ambientais, tenderá a ter um melhor desempenho comercial e ocupacional.
José Martos, CEO da Saint-Gobain Portugal, defende que, em termos de desenvolvimento tecnológico, a atenção deve centrar-se na mecanização de processos na construção e na sustentabilidade. “Sabendo que os edifícios na Europa são responsáveis por 36% das emissões de CO2 e por um terço do consumo de recursos naturais, é urgente trabalhar nestes dois pilares, garantindo que o primeiro está diretamente relacionado com o segundo, ou seja, tem sempre um impacto positivo”, acrescenta.
Mesmo quando falamos no desenvolvimento de serviços, por exemplo, a questão da sustentabilidade encontra-se em pano de fundo, como objetivo. Nuno Pereira, CCO & Operations da Prime Yield (Gloval), diz que a tecnologia tem sido o “maior motor estratégico” da organização. Exemplifica com a aposta contínua no desenvolvimento de um automated valuation model (AVM), um sistema automático de avaliação de imóveis, que utiliza modelagem matemática.
O cliente como motor da mudança
As forças motrizes que permitem concretizar a mudança são a otimização de processos, por um lado, mas também a exigência do consumidor final, que tem alterado as suas preocupações no sentido da sustentabilidade, por outro. Nuno Garcia, diretor-geral da GesConsult, empresa especializada na gestão de obras e prestação de serviços nas áreas de engenharia e imobiliário, acredita que, com a grande transformação que se deu ao nível da exigência da procura de habitação, “vamos assistir a um uso crescente da tecnologia nas casas, nomeadamente ao nível da domótica e da gestão integrada”.
“As ‘casas inteligentes’, com vista a maior eficiência energética e aproveitamento dos recursos naturais, já começam a fazer parte do nosso quotidiano e tudo indica que a tendência vai intensificar-se”, afirma.
Esta opinião é também defendida por João Pita, development diretor da promotora imobiliária Round Hill Capital Portugal. “Inevitavelmente, iremos deparar-nos com edifícios mais inteligentes, compostos por soluções mais sustentáveis e tecnologias domésticas que contribuirão para melhorar a qualidade de vida e a experiência de estar em casa, nomeadamente para aqueles que continuarem a trabalhar em regime remoto”, diz, explicando que esses edifícios apresentarão instalações e sistemas que permitem uma gestão e controlo integrados e automatizados, aumentando a sua eficiência, a segurança, usabilidade e acessibilidade.
No último estudo da JLL, já referido, é dito que a construção sustentável requer um investimento adicional entre 1% a 5% do total do projeto, mas pode representar um prémio adicional entre 6% a 11%, no caso do arrendamento comercial, ao mesmo tempo que garante reduções nos custos operacionais que podem chegar a 50%, na energia, aos 40% no consumo de água e aos 70% na produção de resíduos.
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